Com o desenvolvimento de novas pesquisas e a consequente evolução do conhecimento, tornou-se evidente que o ovário exerce papel central para a maioria das mulheres em idade fértil. A Síndrome dos Ovários Micropolicísticos (SOMP) é uma das doenças endócrinas mais prevalentes, afetando cerca de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva.
A SOMP é caracterizada por irregularidade menstrual (oligomenorréia) e hiperandrogenismo (aumento da produção de hormônio masculino), cujos sinais clínicos são acne e pêlos no corpo. Muitas mulheres com esta síndrome não ovulam regularmente, por isso é considerada uma das causas mais comuns de infertilidade por fator anovulatório, com uma taxa/mês de 5% para gravidez natural.
Pacientes com SOMP devem ser bem avaliados, pois apresentam uma tendência para resistência à insulina. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, responsável por colocar glicose dentro das células que necessitam de energia. A resistência à insulina é uma doença de provável origem genética, em que os níveis de insulina são insuficientes para uma resposta normal à insulina nas células. Sua importância está no fato de que se relaciona ao desenvolvimento de diabetes mellitus 2, sobrepeso, hipertensão, e doenças cardiovasculares.
Para o diagnóstico da síndrome é necessário, não apenas a presença dos ovários micropolicísticos ao ultrassom, mas também a associação de sinais de hiperandrogenismo e alterações menstruais. Muitas mulheres apresentam os ovários com características micropolicísticas ao ultrassom, porém não têm a síndrome. Neste caso, o ideal é procurar um ginecologista para confirmação diagnóstica.
O tratamento depende dos sintomas, e costuma-se utilizar anticoncepcionais orais associados a drogas antiandrogênicas e sensibilizadores da insulina para as mulheres que não desejam engravidar. Para as que desejam conceber, o tratamento padrão tem sido a indução da ovulação com o citrato de clomifeno.
Estudos mostram uma taxa de ovulação de até 80%, e apenas 30% de taxa de gravidez, discrepância esta que se deve aos efeitos antiestrogênicos da medicação, com prejuízo da qualidade do endométrio e do muco cervical. Entretanto, a Reprodução Assistida, com a fertilização in vitro, oferece taxas bem maiores para o tratamento de mulheres com anovulação por SOMP, através da introdução de novas drogas, protocolos inovadores e individualizados para cada caso.
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