quarta-feira, 4 de setembro de 2013

INFERTILIDADE MASCULINA – AZOOSPERMIA


Historicamente, devido a aspectos culturais, a investigação de infertilidade era voltada para a mulher, e somente após iniciava-se a avaliação masculina. Atualmente, a avaliação da infertilidade envolve a investigação diagnóstica do casal. Hoje, falarei um pouco sobre uma causa importante de infertilidade masculina, a azoospermia.

Define-se azoospermia como a ausência total de espermatozóides no ejaculado, avaliado após centrifugação do sêmen, em pelo menos duas amostras. Acomete aproximadamente 2% dos homens em geral e 15% a 20% dos homens inférteis. Pode ser de causa obstrutiva ou não obstrutiva.

A avaliação do homem com azoospermia visa a determinação da causa e as opções de tratamento efetivas. Deve ser colhida uma história detalhada, realizado um bom exame físico e uma avaliação hormonal (testosterona e FSH), o que permite o diagnóstico em 90% dos casos. Nos casos de homens com testículos de tamanho normal, vasos deferentes palpáveis e níveis normais de FSH devem-se realizar ultrassonografia escrotal e biópsia testicular para distinguir o tipo de azoospermia.

Na azoospermia obstrutiva o paciente apresenta produção adequada de espermatozóides, confirmada por biópsia testicular, entretanto, devido à obstrução das vias seminais, não atingem o ejaculado. As causas podem ser congênitas (agenesia de dutos deferentes e/ou vesículas seminais) ou adquiridas (cirurgias prévias; varicocele). Em geral, não se observam alterações hormonais, e os testículos são normais ao exame físico. Estudo genético é indicado nos casos de agenesia bilateral dos ductos deferentes, para investigar mutação do gene da fibrose cística (CFTR).

A azoospermia não obstrutiva é causada pela falência testicular, não ocorrendo espermatogênese. Essa falência testicular pode ser primária, causada por desordem intrínseca dos testículos, ou secundária, decorrente de alterações endócrinas. Pacientes com azoospermia por falência testicular devem ser orientados a realizar teste genético para anormalidades cromossômicas (Síndrome de Klinefelter 47 XXY) e microdeleções do cromossomo Y.

O tratamento da obstrução oferece melhor resultado com a obtenção de espermatozóides dos testículos ou epidídimo. A avaliação do potencial reprodutivo feminino é mandatória se a correção cirúrgica for indicada.

As técnicas de reprodução assistida estão indicadas nos casos de obstruções não tratáveis, nas falhas dos tratamentos reconstrutivos e obstruções tratáveis associadas a infertilidade feminina. A aspiração percutânea de espermatozóides do epidídimo é a técnica de escolha para a obtenção de espermatozóides para reprodução assistida. Na azoospermia obstrutiva a recuperação dos espermatozóides é geralmente 100%.

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